Esse com certeza é um momento de muitas incertezas no qual o paciente está bastante fragilizado emocionalmente. Os planos e objetivos traçados em todos os âmbitos da vida parecem desaparecer e, com isso, muitos ficam sem perspectiva.
Por este motivo, munir-se de informação é essencial e, para isso, nada melhor que o próprio médico oncologista para tirar todas as dúvidas existentes. Ao fazer isso, o paciente consegue ter clareza quanto aos próximos passos a serem tomados, o que, de certa forma, devolve “o chão” que perdeu ao receber o diagnóstico.
Mas o que eu pergunto para o meu médico?
Tudo! Antes de mais nada, pegue papel e caneta e anote todas as suas dúvidas. Depois disso, volte e tente ir desmembrando cada uma das perguntas em várias outras para que nada fique para trás.
Pense nos pontos que não podem ficar sem respostas, desde o diagnóstico em si, até o tratamento e cura. Como forma de ajudar, segue alguns questionamentos-base que podem ser feitos nesse momento:
- Qual é o tipo exato de câncer que eu tenho?
- Em qual estágio da doença me encontro?
- Quais são minhas opções de tratamento?
- É um tumor de comportamento agressivo ou indolente?
- Existe algum estudo clínico que eu possa participar?
- Tenho chance de ficar curada?
- Quais os efeitos colaterais do tratamento?
- Devo evitar algum alimento específico?
- Posso fazer atividade física durante o tratamento?
- Há alguma restrição que devo seguir daqui para frente?
Uma dica é escrever todas as respostas, já que, no momento da consulta, o nervosismo e até a ansiedade podem estar à flor da pele, o que faz com que nossa memória nos sabote. Então, assim que estiver tudo mais calmo, você pode reler as informações e entendê-las aos poucos.
Hora de tomar atitudes e cuidar de si!
Depois que todas as perguntas forem respondidas, é importante colocar-se em movimento e tomar atitudes que irão colaborar para o bom resultado do tratamento. Para isso, optar por uma alimentação mais saudável e equilibrada e pela prática de exercícios físicos regulares é essencial!
Outro fator importante para pacientes oncológicos é a ingestão de água constantemente. Ao fazer a reposição hídrica rapidamente, é possível evitar a desidratação, colaborando para o bom funcionamento do nosso organismo, já que, durante o tratamento, o corpo se torna mais sensível.
Além disso, a quimioterapia e a radioterapia, por serem procedimentos mais complexos, podem ocasionar episódios de diarréia e vômito e, consequentemente, perda de líquidos e sais minerais. Dessa forma, a ingesta de água se torna fundamental para desempenho de órgãos como o coração, rim, fígado, cérebro e intestino.
Para tornar o processo mais fácil e natural, minha sugestão é deixar sempre uma garrafinha ou copo por perto. O paciente ainda pode buscar diferentes fontes de reposição de sais minerais além da própria água, como água de coco, sucos diversos e sopas.
Sua mente também merece atenção
Muitos pacientes não gostam de falar sobre o diagnóstico por medo de como as pessoas passarão a vê-los – geralmente têm receio de rótulos e julgamentos. Porém, quanto maior a rede de apoio nesse momento, mais força você terá para enfrentar os dias difíceis que poderão chegar!
Pesquisar por pessoas que já superaram a doença e ouvir suas histórias de vitórias pode ser uma ótima forma de renovar as esperanças e continuar firme na caminhada. Lembre também de manter um acompanhamento psicológico para te auxiliar nessa fase. Cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo, já que a saúde de um influencia a do outro.
Outra recomendação é reservar um tempo para si próprio, selecionando atividades as quais podem ser ótimas fontes de descanso e lazer, proporcionando uma leveza restauradora.
Cerque-se sempre de pessoas que te colocam para cima e viva um dia de cada vez. O mais importante é a certeza de que está fazendo todo o possível para vencer o câncer, acreditando sempre que assim o será!
CUIDADOS COM O PACIENTE COM CÂNCER
A rotina do paciente oncológico e também daqueles à sua volta tende a passar por mudanças ao receber o diagnóstico de câncer. Isso acontece pois é preciso alguns cuidados específicos visando a melhor qualidade de vida durante o convívio com a doença. Nesse momento, é muito importante que cada membro da família compreenda sua função dentro da nova dinâmica.
Às vezes, durante o tratamento, será necessário que o paciente se afaste do trabalho, faculdade, outras atividades que realiza e até mesmo de passeios que costumava fazer, e isso pode acabar sendo um grande choque. Porém, há atitudes simples que podem ser adotadas que fazem muita diferença no dia-a-dia.
- Encoraje-o a tomar um banho e trocar de roupa ao acordar: quando permanecemos de pijama, nosso cérebro não reage da mesma forma. É como se o dia não tivesse começado, portanto tendemos a ficar mais desanimados e reclusos;
- Por mais que seja difícil, ajude para que ele não deixe sua vaidade e rotina de beleza de lado: é importante que ele continue se vestindo como gosta e lhe faz bem. Isso ajuda a elevar a autoestima e manter uma boa relação com o espelho em meio a tantas mudanças;
- Não deixe que ele se isole! Essa é talvez a dica mais importante. Agora mais do que nunca o paciente precisará de apoio e de pessoas que o amam à sua volta;
- Estimule-o a se movimentar e sair do lugar: fazer exercícios é extremamente benéfico. Manter o corpo em movimento é uma forma de mantê-lo ativo, saudável e leve. Mesmo que esteja internado, consulte o médico para saber se é possível fazer caminhadas no corredor, isso o ajudará também a espairecer;
- Lembre-se que toda a família, amigos e entes queridos também estão passando por este momento e precisam cuidar uns dos outros junto com o indivíduo. Quanto mais pessoas estiverem se ajudando neste processo, mais a corrente do bem se propaga!
Cuidados necessários no dia-a-dia
Quando pensamos em cuidados com o paciente com câncer, podemos achar que são coisas difíceis e que vão exigir muito, no entanto nem sempre isso é uma verdade. Na rotina do dia-a-dia, tanto os amigos, familiares, profissionais de saúde quanto o indivíduo precisarão de cuidados simples.
Entre eles, é necessário que as mãos estejam sempre limpas (lave com água e sabão antes e depois de tocá-lo); retire qualquer jóia ou bijuteria para que não corra o risco de transmitir alguma doença ou infecção; dê banhos regulares no paciente; mantenha a casa sempre limpa, iluminada e arejada; da mesma forma, a roupa de cama deve ser trocada regularmente; além disso, o paciente não deve ter contato com ninguém que esteja com gripe, resfriado ou outra virose.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) aconselha ainda que deve-se evitar retirar cutículas e ter cuidado ao cortar as unhas, evitando o surgimento de portas de entrada para infecções. Também é permitido usar desodorante e hidratante na pele (por exemplo: óleo de amêndoa e leite de aveia), desde que os produtos não tenham álcool em suas composições.
Palavras de apoio fazem toda a diferença nesse período
Muitos dos que estão à volta do paciente querem ajudar, mas não sabem como. Minha dica é que apenas uma palavra de conforto pode ser necessária nesse momento, e deixar claro que as pessoas estão ali caso e quando precisarem.
Para isso, foque em palavras positivas ou motivacionais, esteja sempre em contato com ele – mesmo que por telefone ou mensagem – e o deixe saber que você está disposto a ajudá-lo sempre, inclusive, para distrair a cabeça ou permitindo que ele desabafe.
Pergunte como pode ajudá-lo e o que ele está precisando. Converse sobre outras coisas além da doença, mostrando que há um mundo lindo lá fora além dos problemas. Levá-lo para fazer algo que gosta também é uma ótima forma de ajudar a deixar toda a situação mais leve.
O importante é lembrar que todos estão passando juntos por esta situação difícil e, provavelmente, inesperada. Estão aprendendo uns com os outros e querem o melhor para o paciente. Portanto, não tenha medo de não saber alguma informação ou de não saber o que fazer, mas esteja disponível para procurar ajuda e buscar conhecimento sempre. Juntos, somos mais fortes!